Na Missa da Peregrinação Internacional Aniversária, o bispo emérito de Urgell e copríncipe de Andorra, D. Joan-Enric Vives i Sicília, destacou a necessidade de abrir “as portas dos corações, das comunidades e dos países” aos migrantes e refugiados, afirmando que acolher estas pessoas “não é apenas uma obra de caridade, mas uma opção evangélica e jubilar”.
Perante milhares de peregrinos, o prelado recordou que a Virgem Maria “foi também refugiada, ao fugir com São José e o Menino para o Egito”, e que, por isso, é Mãe e companheira de todos os que atravessam fronteiras em busca de segurança e dignidade. “Hoje, muitos migrantes caminham com uma mala numa mão e a fé na outra. O Ano Santo também é para eles: para lhes dizer que não estão sós”, sublinhou.
Inspirando-se na recente mensagem do Papa Leão XIV para a próxima Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, D. Joan-Enric alertou para as guerras, injustiças e fenómenos climáticos que obrigam milhões a deixar as suas terras. Defendeu que os migrantes e refugiados, com a sua resistência e confiança em Deus, “são mensageiros de esperança” e podem revitalizar comunidades cristãs envelhecidas e desanimadas.
O bispo apelou a que, neste Ano Jubilar, os fiéis se tornem “missionários da esperança” e construtores de um mundo mais fraterno. Terminou pedindo a Nossa Senhora de Fátima que “sustente os que viajam, console os que aguardam respostas e ensine a construir um mundo onde ninguém se sinta estrangeiro”.
A celebração integrou também um dos gestos mais simbólicos desta peregrinação: a oferta de trigo pelos peregrinos, tradição cumprida pela 85.ª vez. Este gesto remonta a 13 de agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, provenientes de 17 paróquias da Diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo para o fabrico de hóstias destinadas ao Santuário de Fátima. Desde então, a tradição alargou-se a fiéis de várias dioceses e de outros países.

Em 2024, foram oferecidos 5605 quilos de trigo e 352 quilos de farinha, permitindo a celebração de 2555 missas do programa oficial, nas quais se consumiram 22 105 hóstias médias e grandes, cerca de 779 mil partículas e 460 partículas para celíacos. Este gesto, profundamente ligado à Eucaristia, simboliza a entrega e comunhão dos peregrinos com a vida e missão do Santuário.
Durante a peregrinação, a diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Eugénia Costa Quaresma, dirigiu uma mensagem especial aos doentes, recordando que estes “não são apenas pessoas vulneráveis e necessitadas de cuidados, mas verdadeiras testemunhas de fé”. Inspirando-se em exemplos como S. Carlo Acutis, a beata Chiara Badano e Santa Jacinta Marto, afirmou que muitos, mesmo privados de saúde, “transformam o sofrimento em oferenda e comunicam a paz, a luz e a sabedoria de Deus”.
Eugénia Costa Quaresma destacou a importância dos testemunhos de quem enfrenta doenças graves ou momentos de solidão, encontrando no Senhor o companheiro que conduz “da angústia à alegria da ressurreição”. Manifestou profunda gratidão a familiares, amigos e cuidadores — formais e informais — que se tornam “anjos sem fronteiras” pela sua dedicação.
Concluiu convidando à oração comunitária: “Maria, Mãe da Esperança, vem em nosso auxílio, ajuda-nos a ter fé, a continuar a esperar, sem medo de amar.”
