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Autárquicas 2025 – Rumo à Junta de Benfica: Ricardo Marques pede mais descentralização de competências para comandar uma Junta de Freguesia “charneira” no país
É o incumbente que encabeça a lista “Viver Lisboa” para Benfica. Apresenta-se a prestar contas e fala da sua visão estratégica para um próximo mandato na Freguesia
Por Inês Jorge Caetano
Publicado em 09/10/2025 10:04 • Atualizado 09/10/2025 10:35
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Ricardo Marques está na equipa da Junta de Freguesia desde a presidência de Inês Drummond, como Vogal para a Educação, Formação e Desporto. Já ganhou as últimas eleições, em 2021, e, agora, apresenta-se, novamente, aos fregueses de Benfica. Considera que o orçamento de que a Junta de Benfica dispõe, 50 milhões de euros, dá para governar “a sério”, mas reclama mais autonomia perante a Câmara Municipal, em nome de uma estratégia que tem para a freguesia.

 

Balanço

Começou por dizer que se orgulha de ter uma Assembleia de Freguesia democrática e pluralista, e destaca, do seu mandato, o fortalecimento dos laços identitários e uma visão estratégica própria. Quando lhe pediram que fizesse um balanço, falou em quatro eixos que considera bastante consolidados.

 

O primeiro, tem a ver com a Habitação. Confessa que não lhe passou pela cabeça, quando começou a tratar este assunto, em 2021, que teria de “chatear governos”, ter de “chatear ministros, secretários de Estado”, e juntar a Esquerda toda na Assembleia Municipal para votar contra o presidente Carlos Moedas, para que uma Junta pudesse construir habitação. Chegado ao fim, orgulha-se de ter conseguido entregar cerca de 40 apartamentos.

 

Quanto ao segundo eixo, prende-se com a política de Mobilidade – elencou, 3 quilómetros de pisos confortáveis, encurtamento de faixas de rodagem, sobrelevação de passadeiras, criação de 3 zonas 30 (Km/h) – pretende assumir que a Freguesia tem vida de bairro, com segurança rodoviária e onde as pessoas possam andar a pé.

 

Em terceiro lugar, destaca a Educação, com um orçamento de 3 milhões e meio ao ano investidos, e cerca de 1600 crianças, com todo o tipo de necessidades educativas, acompanhadas por funcionários da Junta de Freguesia. E considera que a freguesia só será plena quando todas as crianças e as famílias se sentirem integradas.

 

O quarto eixo, é o da Sustentabilidade. Este ano, Benfica conseguiu o Galardão Eco-Freguesia (Ouro), por ter os dois maiores corredores verdes da cidade, parques fotovoltaicos, carregadores elétricos em espaço público, entre outras medidas.

 

Relação com a CML: Habitação

Garante que tem muito poucas diferenças ideológicas com o presidente Carlos Moedas, mas lamenta que tenham ambições diferentes para a freguesia e para esta zona da cidade. Ricardo Marques queixa-se que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem feito muito pouco investimento, em termos proporcionais, no eixo a norte da 2ª Circular, visto que esta zona tem 60% dos moradores da cidade.

 

No início do mandato, revelou que a Junta apresentou um projeto de Investimento à CML no valor de mais de 80 milhões de euros. Conseguiu, no final, negociar 3 milhões e 200 mil euros, entre fundos do PRR ou do contrato de delegação de competências para a Junta de Freguesia. Ricardo Marques acusa este executivo camarário de querer gentrificar e ghettizar os bairros municipais, o que está a prejudicar bairros como os de Benfica.

Relação com a CML: Estacionamento e Mobilidade

 

Quanto aos lugares de estacionamento, Ricardo Marques garante que Benfica perdeu oportunidades por causa da visão estratégica errada da Câmara. E que a Junta não tem, infelizmente, competências em relação a essas matérias. 

 

Conta que um ano antes do referendo (da EMEL), a Junta tinha enviado para a CML um projeto inicial de criação de mil lugares e, mais tarde, de três mil, com siloauto, estacionamento em profundidade, mas também arruamentos. Nessa altura, a Câmara pôs como condição a entrada da EMEL na Freguesia, o que foi recusado. Assume que Benfica precisa de cerca de 10 mil lugares para os seus moradores, e que a cidade precisa de 60 a 80 mil lugares, mas que esses planos têm ficado todos na gaveta.

 

Ricardo Marques diz que, dos 3 mil lugares em dez anos, que propôs à Câmara, conseguiu construir cerca de quinhentos, a maior parte deles com dinheiros próprios.

 

Relação com a CML: Dívidas

O ainda presidente da Junta de Benfica, revelou que a Câmara deve à freguesia 1 milhão e 300 mil euros. Afirma, ainda, que o problema é recorrente, o que até tem comprometido os saldos financeiros da Junta. Ricardo Marques considera estas dívidas “inaceitáveis”, porque se trata de verbas destinadas a fundos de emergência social, como as refeições escolares ou o pagamento aos monitores das AEC.

 

Investimento e Fontes de Financiamento

Quanto ao montante global de investimento da Junta durante o mandato que agora finda, Ricardo Marques informou que, para obras em espaço público, este rondou os 20 milhões de euros, sendo que, destes, apenas 3 milhões e meio foram apoiados pelo município. Para além dos fundos próprios, o financiamento também tem sido feito através de candidaturas a fundos europeus – como o último, nas acessibilidades aos edifícios públicos.

 

Informou que grande parte do financiamento foi feito através do PRR, daí o grande bolo do investimento realizado na Habitação e Alojamento. De seguida, vem o Apoio ao Comércio, nomeadamente através do apoio ao projeto dos Bairros Comerciais Digitais. E por fim, o financiamento que é feito através das receitas próprias, como as taxas cobradas às esplanadas – informou que a Junta cresceu, neste item, 43%.

 

Diz Ricardo Marques que o executivo investiu 60 milhões de euros em Habitação, disperso por todos os bairros, exceto no Bairro da Boavista, por ser municipal. Adianta que a Junta está a construir 50 apartamentos no Calhariz de Benfica, e que todo o restante investimento foi feito através da compra a privados. Ricardo Marques afirma que está previsto no programa que vai a votos, a construção de 110 apartamentos nos terrenos do Casa Pia – Atlético Clube.

 

Dinamizar a Freguesia

Para além do Bairro Comercial Digital, que permite, através de uma App, acumular pontos, vantagens, descontos, o que irá, acredita, dinamizar o comércio local, faz parte do programa da coligação uma estratégia de revitalização do Parque Florestal de Monsanto. Diz Ricardo Marques que Benfica tem o privilégio de ter a maior parte do Monsanto, mas a desvantagem de viver de costas voltadas para ele, sobretudo devido à linha de comboio. 

 

Faz parte do seu programa criar um polo que leve as pessoas ao Parque e livrá-lo do abandono em que tem estado. Ricardo Marques afirmou que a Carris tem sido uma grande aliada da Freguesia, mas que a criação do maior corredor verde é o ponto mais importante desta revitalização. A abertura da cidade a Monsanto carece de projetos municipais – como o Metro de superfície, que está, agora, a tornar-se no MetroBus, o que, para Ricardo Marques, não parece bem.

 

A coligação “Viver Lisboa” prevê revitalizar espaços que estão abandonados: o Panorâmico, a Luneta dos Quartéis e a Escola do Bairro dos Guardas Prisionais – para, a partir deles, criar um ponto de partida para a descoberta do Parque Florestal.

 

Ação Social

Em jeito de balanço, Ricardo Marques relatou que, no espaço de seis meses, a Junta abriu 162 novas vagas em creches, e que está prevista a abertura, no próximo mandato, do “Espaço Maior”, dedicado aos séniores, adaptado ao combate da degeneração cognitiva, com espaço para haver mais aulas de pilates e de realidade virtual, e mais atendimento de psicologia, para “escalar a resposta”. Mas, para que isso aconteça, a Junta vai ter de ter mais capacidade de receitas próprias, a fim de poder investir na parte social, avisa.

 

Cultura

No que diz respeito à Cultura, diz Ricardo Marques que o Palácio Baldaya custa cerca de 700 mil euros/ano, e o Turim, 500 mil, sendo que a CML comparticipa, para a cultura na freguesia, com cerca de 300 mil euros/ano. Mas garante que as contas dos espaços culturais estão de boa saúde, e que os espaços têm tido recordes de faturação. Prevê a dinamização de mais um Auditório na Escola Arquiteto Ribeiro Teles, no Bairro da Boavista. Acredita que Benfica respira cultura, e que, ao se valorizar esta área, se valoriza toda da comunidade.

 

Apresenta como a grande falha nesta área, a Biblioteca Municipal Lobo Antunes. E, mais uma vez, uma falha da CML - diz Ricardo Marques que foi a Câmara que não deu continuidade à obra, e que as dificuldades começaram ainda durante o executivo de Fernando Medina. Nessa altura, ele próprio e a presidente Inês Drummond falaram até com o presidente da República, e alegaram que o espólio do Lobo Antunes corria o risco de sair do país, para lhe pedir uma intervenção. Garante que a Biblioteca vai abrir, apesar de tardar a abertura.

 

Obras Essenciais

Qualquer que seja o próximo presidente da CML, as obras essenciais serão no Mercado de Benfica; o Centro Intergeracional das Garridas, que foi protocolado por privados; o Centro de Dia na Estrada da A-da-Maia, que já está protocolado com a Câmara; e uma escola básica que está prevista construir nos terrenos atrás dessa Estrada. 

 

Mas também a construção da ciclovia entre a Rotunda de Pina Manique e a Estação de Benfica, para servir o Bairro da Boavista e o Parque Florestal de Monsanto, e a concretização dos dois corredores verdes. Ainda defende o candidato que, na Rua da República da Bolívia, seja feita alguma negociação com a família Canas da Silva, a fim de transformar os dois terrenos que lá estão em qualquer coisa – seja prédio, um silo automóvel, um parque ou um quiosque –, qualquer coisa que permita ligar aquela zona ao Jardim das Oliveiras e ao Metro. 

 

Metas Ambientais

Quanto às Metas Ambientais, Ricardo Marques partilha que já se está a desenvolver um estudo e a definir metas concretas. A Junta vai lançar uma aplicação realizada pelas escolas de Benfica, na qual os cidadãos terão desafios e metas ambientais para cumprir. Isso será integrado nas metas que a própria freguesia quer atingir, que serão alvo de medições semestrais de redução da pegada carbónica.

Mas, para Benfica ser uma Ecofreguesia, diz Ricardo Marques que não pode haver carros a circular a 100 quilómetros à hora, e que os espaço é finito para os 247 mil carros que atravessam Benfica diariamente, alerta.

 

O que o diferencia

O conhecimento do território, a ambição, a visão do “todo”, mas, sobretudo, a exigência de mais competências para a Junta de Freguesia, são as marcas da candidatura de Ricardo Marques, segundo o próprio, garantindo que se vai bater por mais descentralização.

 

Ricardo Marques está convidado a participar no debate entre todos os candidatos, que vai acontecer, aqui, na Rádio Amparo, já na próxima semana.


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