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Migrações: D. Rui Valério apela a um “pacto cultural”
Num artigo publicado no “Observador”, o Patriarca fala dos desafios do acolhimento responsável e da ponte entre culturas, na qual os valores cristãos devem servir de pilares
Por João Naia
Publicado em 17/07/2025 12:36 • Atualizado 17/07/2025 12:37
Opinião
Foto - Diogo Paiva Brandão/Patriarcado de Lisboa (D. Rui Valério durante a visita ao Bairro do Zambujal, em Novembro 2024)

“Como cristãos, somos chamados a responder com sabedoria, com compaixão e com responsabilidade” aos fluxos migratórios. D. Rui Valério, num artigo publicado no jornal online “Observador”, fala da Fé e dos valores cristãos – como o respeito pela vida, a dignidade humana e a solidariedade – como alicerces essenciais para desenvolver um “pacto” que também se preocupe com a preservação da identidade das sociedades de acolhimento das comunidades migrantes.

D. Rui Valério reflete: “Acolher é ser capaz de olhar para o outro e ver um irmão, alguém com quem sou chamado a repartir a vida, o caminho comum, a ser criador de uma história partilhada”. Mas contrapõe, citando a Encíclica “Fratelli Tutti”, publicada em 2020 pelo Papa Francisco: “Só posso acolher quem é diferente e perceber a sua contribuição original, se estiver firmemente ancorado ao meu povo com a sua cultura”.

Assim, a Igreja dá relevância à preservação do património civilizacional construído: “Portugal, como outros países europeus, construiu a sua identidade sobre valores cristãos que modelaram a convivência social: o respeito pela liberdade, a dignidade da vida humana, a igualdade entre homem e mulher, a valorização da família, o princípio da solidariedade”, lembra D. Rui Valério.

Recurso a medidas concretas

Neste diálogo acerca dos desafios da imigração iniciada pelo debate da “lei dos estrangeiros” que tem preenchido a nossa atualidade, e que, entretanto, já foi a votos no Parlamento, D. Rui Valério não cita apenas a Encíclica “Fratelli Tutti”, ou o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, mas também a Carta que o Fórum das Organizações Católicas para a Imigração e Asilo (FORCIM), datada de 11 de julho passado, enviou aos deputados da

Assembleia da República. Segunda esta Carta, o FORCIM lembra a posição da Igreja na defesa da família enquanto célula fundamental da sociedade, estando implícito “o direito a ver reunida a família”.

A promoção da reunião familiar, defende o Patriarca, é, contudo, um processo que exige diálogo e medidas concretas desenvolvidas em articulação com as instituições no terreno. A Igreja tem apelado a um

acolhimento com compaixão, mas que seja também responsável e estruturado. “A caridade cristã é sempre concreta”, lembra D. Rui Valério.

O acolhimento cristão impõe que não só se reconheça aos Estados o direito de regular os fluxos migratórios, como também os direitos das sociedades de acolhimento.

“A hospitalidade não pode ser sinónimo de anarquia, porque isso coloca gravemente em risco a dignidade da pessoa humana dos migrantes, que acabam por ser vistos como mão de obra barata, desprotegida e manipulável”, alerta D. Rui Valério. Da mesma forma, também se lê, na

citada carta do FORCIM aos deputados, que é necessário “investir em verdadeiras políticas de acolhimento e integração em paralelo com a gestão de fluxos migratórios e controlo de processos administrativos”.

 “A resposta cristã à imigração não é ceder ao medo nem se entregar a uma ingenuidade. É construir pontes com sabedoria, coragem e firmeza. O verdadeiro acolhimento exige que sejamos fiéis à nossa cultura e à nossa fé” defende o Patriarca, para quem a imigração é “um exame moral para o nosso tempo”, conclui.

 

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