O Cardeal Patriarca de Lisboa espera ter um sucessor nomeado até Setembro.
Em entrevista à Agência Ecclesia, D. Manuel Clemente revela que já apresentou a sua renúncia do cargo ao Papa, no final do ano passado, e espera que seja escolhido um sucessor até ao final do Verão.
O bispo de Lisboa, que completou, ontem, 75 anos – a idade em que se torna obrigatória a apresentação da renúncia ao cargo – defende “urgência” na recomposição da equipa episcopal.
“É preciso alguém que reorganize a vida da Diocese, em termos episcopais. E que também proponha ao Papa os seus colaboradores”, disse o Patriarca.
A entrevista, a propósito do seu aniversário, é, também, uma espécie de “adeus” e “balanço” dos seus 10 anos à frente da maior Diocese do País.
D. Manuel Clemente mostra-se disponível para “o que o Papa entender”, mas, sobre a sua sucessão, observa que Lisboa “é um caso com alguma urgência, porque corre o risco de ficar suspensa e não pode ficar, tem de continuar, certamente com outros protagonistas”.
“É preciso que haja uma orientação, não se pode esperar um ano por aquilo que tem de começar já”.
O Patriarca de Lisboa rejeita liminarmente que o seu pedido de renúncia tenha qualquer ligação à crise provocada pelos casos de abusos sexuais, que marcaram de modo impressivo o seu último ano e meio no Patriarcado.
Sobre os processos que decorreram no Patriarcado de Lisboa, que tinham levado ao afastamento temporário de quatro sacerdotes, o cardeal indica que só falta a decisão final de Roma.
“Em três há indicação para que as pessoas assumam plenamente as funções que tinham; no outro caso, talvez que assuma parcialmente as funções que tinha”, adianta.
Ainda nesta matéria, o bispo de Lisboa diz esperar que, após o trabalho da Comissão Independente criada pela Conferência Episcopal Portuguesa, “este exemplo da Igreja sirva para que, em todas as realidades da sociedade, onde há crianças, adolescentes e jovens, se faça da mesma maneira”.
Jornalista: João Naia
Foto: Patriarcado de Lisboa